sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Negligenciar o meio ambiente é abrir mão da própria saúde, alertam especialistas

Por Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde

Noites mal dormidas, problemas respiratórios, dor de cabeça, ardência e ressecamento dos olhos, arritmia cardíaca. Esses são alguns dos sintomas que muita gente sentiu em agosto devido à baixa umidade do ar em certas regiões do país.

Nevoa de poeira cobre a cidade de São Paulo na manhã de 04.09.2010; a cada ano, 4.000 paulistanos morrem por problemas decorrentes da poluição

Para especialistas em ecologia médica, ciência que observa todos os fatores ambientais e suas relações com a saúde, esse fenômeno não pode ser analisado de forma isolada, pois o que se vê é a pendência de uma crise mundial que clama por solução.

Na opinião do médico Alex Botsaris, especialista em doenças infecciosas e parasitárias e autor do livro "Medicina ecológica – descubra como cuidar da sua saúde sem sacrificar o planeta" (Ed. Nova Era), doenças como o câncer, depressão, ansiedade, infertilidade, dores na coluna e problemas neurovegetativos e no fígado são exemplos de patologias que podem ter o ambiente como fator desencadeante.
“Não dá para ter saúde num planeta doente”, afirma a bióloga Waverli Maia Matarazzo Neuberger , coordenadora do Núcleo Ambiental e do Curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo.

A especialista diz que, para entender esse fenômeno, primeiro é preciso lembrar que o homem não é um ser isolado, mas integrante do ecossistema. “A natureza reflete o que o homem é. Basta pensar nos rios, exatamente como o sistema circulatório do corpo humano. Para a terra, eles são as veias que permitem o fluxo da natureza. E o que temos feito com eles? É só olhar nas margens de qualquer rio para saber”, descreve. “Com o nosso corpo não agimos diferente: comemos mal, temos um estilo de vida sedentário, e o resultado são as doenças cardiovasculares”, completa.

No limite
Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de SP, pondera que a ecologia médica não deve ser vista como um novo modelo que prega apenas atitudes politicamente corretas. Para o toxicologista, o respeito entre o homem e seu ambiente é um valor que faz parte de todas as culturas desde muito tempo. “O problema é que ele foi esquecido”, diz. “O princípio que rege esse valor se resume em não fazer para os outros o que você não deseja para si”.

Wong comenta que estamos vivendo uma situação limite, mas a maioria das pessoas está alienada ou já se esqueceu dos danos ambientais e suas consequências. Cita como exemplo Cubatão, o bairro de Ermelino Matarazzo e algumas regiões do ABC paulista, locais onde há espaços considerados desérticos em razão da desativação de lixões ou indústrias petroquímicas e automotivas. “Apesar disso, nada mudou”.

“No início da década de 2000, um condomínio popular construído em Mauá, sobre um terreno antes ocupado por um depósito de lixo a céu aberto, trouxe muitos prejuízos à saúde de seus moradores. O problema foi tão grave que a área teve que ser desocupada, sem falar da morte de uma pessoa após uma explosão causada pelo vazamento de gás metano", lembra Wong.

De acordo com os especialistas, todos os dias as pessoas estão expostas a agentes tóxicos, seja em ambientes fechados, seja nas ruas. A lista dessas substâncias é tão extensa, que nenhum deles arrisca especificá-las. Wong afirma que compostos como esses nos cercam por todos os lados; estão presentes na terra, na água e no ar.

Poluição
O médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fornece alguns dados que esclarecem a situação atual. “A cidade está doente, e o danos maiores vão para as camadas sociais mais baixas. Quando há uma enchente, para elas aumenta o risco de contrair doenças como a leptospirose e a hepatite B”.

Saldiva cita outro exemplo de desigualdade: todos convivem com a poluição. Mas quem anda pelos corredores e principais avenidas, à espera de ônibus, está mais exposto às altas doses de gases emitidos pelos ônibus, capazes de poluir nove vezes mais do que os veículos europeus.

O médico conta que esse tipo de poluição é a causa de 1 em cada 10 infartos, e 8 em cada 100 cânceres do pulmão em não fumantes.

Ele também informa que, a cada ano, 4.000 paulistanos morrem por problemas decorrentes da poluição; no mesmo período há 100 óbitos por Aids e 500 por tuberculose. “Enquanto isso, a quantidade de carros continua aumentando, ainda que nos horários de pico a velocidade máxima seja de 8 km por hora”, critica.

"Concluímos que a exposição a altos níveis de poluentes atmosféricos pode influenciar até no sexo dos bebês, fazendo prevalecer o nascimento de meninas" - Simone El Khouri Miraglia, professora do curso de engenharia química da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A engenheira química Simone El Khouri Miraglia, professora do curso de engenharia química da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coautora de um estudo publicado recentemente na revista "Fertility and Sterility", mostra como a poluição tem efeitos que muita gente jamais associaria ao meio ambiente: “Concluímos que a exposição a altos níveis de poluentes atmosféricos pode influenciar até no sexo dos bebês, fazendo prevalecer o nascimento de meninas”.

A alta concentração de poluentes aumenta também a frequência nos pronto-socorros. As pessoas são medicadas e voltam para suas casas. Segundo Neuberger, “Esses pacientes são verdadeiros sentinelas que anunciam a necessidade de uma mudança”.

Agentes de maior risco
Para o infectologista Botsaris, embora seja difícil enumerar tantos agentes tóxicos, existem grupos que ele considera mais agressivos para a saúde: os defensivos agrícolas, metais pesados (chumbo, cobre etc), policlorados (substâncias usadas pela indústria de eletroeletrônicos), bem como polímeros antichamas, capazes de penetrar no corpo humano por meio da pele. “Existem ainda as dioxinas, formadas a partir de plásticos e outras químicas. Quando há combustão desses produtos, eles são altamente tóxicos, mesmo em pequenas quantidades”, diz.

As pessoas mais suscetíveis ao impacto desses poluentes são as crianças, os idosos e os portadores de doenças crônicas. Mas na opinião de Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp e diretor do Centro de Ecologia Médica Florescer da Mata, os mais sensíveis são os que fazem as coisas de forma automática, sem tomar contato com a própria intuição. Esse seria o perfil dos que têm um estilo de vida estressado, dão pouca atenção ao sono e à alimentação. “Agir assim, leva naturalmente a alterações nas defesas naturais do organismo. Aí a doença se manifesta para lembrar a importância de buscar o equilíbrio. A pessoa pode ser fiel a isso, mudar a vida e se recuperar. Ou não!”.

Luz no fim do túnel?
Os especialistas são unânimes quanto ao fato de que estamos longe de políticas sanitárias e ambientais sérias, capazes de garantir sustentabilidade e evitar custos na saúde. “Os custos não são só de natureza econômica. Há ainda um preço a ser pago pela perda de bem-estar, longevidade, faltas no trabalho, sem falar do sofrimento causado por todas essas circunstâncias”, diz Miraglia.

Saldiva pondera que as pessoas têm falado muito e feito pouco. Na sua opinião, “educação, exemplo, noção de limites e de aspectos éticos, bem como eventual litigância, podem ser a solução do problema”.

Wong diz que o ideal seria a conscientização em massa de que as ações atuais afetam a sociedade e o ambiente como um todo e interagem entre si. Embora se saiba que nem todos ainda foram afetados diretamente pelas consequências da degradação ambiental, “é preciso ter em mente que o conjunto desses fatores contribui para a diminuição da qualidade de vida, tornam as pessoas mais suscetíveis fisicamente, o que resulta no aumento do risco de doenças”.

“Parece utópico dizer que cada um precisa fazer sua parte. Mas continuar nesse ritmo e condições levará à inviabilidade da vida para as próximas gerações. Não temos muita saída: ou consertamos isso, ou não teremos mais onde ficar”, conclui o toxicologista.

Fonte: Uol Ciências e Saúde – Notícias
Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/09/10/exposicao-a-substancias-toxicas-pode-ocorrer-dentro-de-casa.jhtm
Data: 10/09/2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Empresas começam a pagar por uso de água do São Francisco

As empresas localizadas na Bacia do Rio São Francisco começaram no mês de agosto a pagar pela utilização da água do rio e seus afluentes. De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), os boletos de 2010 já foram distribuídos e estima-se uma arrecadação de R$ 10 milhões até o fim do ano. O valor cobrado das empresas corresponde ao período de julho a dezembro.

A cobrança está prevista na Lei nº 9.433/97, conhecida como Lei das Águas e, de acordo com a ANA, os recursos serão integralmente repassados ao Comitê de Bacia do São Francisco para serem aplicados em ações de recuperação do rio.

Estão sujeitos à cobrança as empresas que captam mais de 4 litros de água por segundo, equivalente a 14,4 metros cúbicos por hora. As empresas que também lançam efluentes nos rios da Bacia do São Francisco também poderão pagar pelo uso. O cálculo do valor da cobrança é baseado na outorga pelo uso da água concedida pela ANA aos usuários.

De acordo com o diretor-presidente da ANA, Vicente Abreu, a cobrança não é um imposto. “É importante ressaltar que a cobrança pelo uso da água dos rios não é um imposto, mas um preço público definido em consenso pelo próprio comitê de bacia e quem paga são usuários do rio, como se faz em um condomínio, por exemplo”, explicou.

por Agência Brasil

BP já pagou quase US$ 400 mi em indenizações por vazamento

Companhia petrolífera emitiu 127 mil cheques que, somados, acumulam US$ 399 milhões

Por Agência EFE

WASHINGTON - A BP anunciou nesta segunda-feira que pagou US$ 399 milhões em processos relacionados ao vazamento de petróleo no Golfo do México durante as 16 semanas nas quais administrou sozinha as tarefas de indenização do desastre.


Na quarta-feira, a BP deixou de aceitar novas denúncias pelo derramamento. A tarefa passou para o Centro de Reivindicações do Golfo do México (GCCF, em inglês), entidade independente criada especificamente para isso.


A companhia petrolífera aproveitou a ocasião para informar que tramitou 154 mil reivindicações e recebeu 166 mil chamadas, após as quais emitiu 127 mil cheques que, somados, acumulam US$ 399 milhões.


A partir de agora, será o GCCF que pagará as multas por meio de um fundo de US$ 20 bilhões montado pela BP em uma conta que será administrada por terceiros e supervisionada pelo advogado Kenneth Feinberg.


Fonte: Época Negócios

Data:24/08/2010

BP gastou US$ 1 mi por semana em publicidade após o vazamento

Os anúncios exibidos pela imprensa americana mostram funcionários da BP participando do esforço de limpeza do vazamento e explicando o que a companhia estava fazendo para ajudar a reabilitar as regiões afetadas pela contaminação

Por Agência EFE

Londres, 29 ago (EFE).- A companhia petrolífera britânica gastou US$ 1 milhão (784,6 mil euro) por semana em anúncios de rádio e televisão após a explosão em abril da plataforma "Deepwater Horizon", que causou o vazamento de petróleo no Golfo do México, segundo o jornal britânico "The Sunday Telegraph".

Essa mesma informação havia sido solicitada pela comissão de Energia e Comércio da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, cujo relatório com os detalhes será entregue amanhã.
Os anúncios exibidos pela imprensa americana mostram funcionários da BP participando do esforço de limpeza do vazamento e explicando o que a companhia estava fazendo para ajudar a reabilitar as regiões afetadas pela contaminação.

O presidente americano, Barack Obama, criticou a BP. Ele disse não querer ouvir falar em quantia gasta em publicidade em um momento em que falta trabalho aos pescadores e às pequenas empresas no Golfo.

Um porta-voz da companhia declarou hoje que "nos anúncios nos EUA após a tragédia da "Deepwater Horizon" têm o objetivo de assegurar à população o cumprimento dos compromissos e dizer como podem receber ajudas, especialmente no que se refere às compensações". "É um instrumento importante que nos auxilia a ser transparentes", argumentou.

O porta-voz não quis comentar o número que detalha hoje "The Sunday Telegraph", mas lembrou que o custo total da resposta ao vazamento por parte da companhia soma até o momento US$ 6,1 bilhão (4,786 bilhões de euros).

Fonte: Época Negócios

Data: 26/08/2010

Identificada mancha de petróleo na área do novo acidente no Golfo

A plataforma, chamada Vermilion Oil Rig 380, está a cerca de 160 quilômetros ao sul do litoral da Louisiana e está nos arredores da plataforma acidentada.

Por Agência EFE

Washington, 2 set (EFE).- Um incêndio em uma plataforma petrolífera no Golfo do México, de propriedade da empresa Mariner Energy, voltou hoje a colocar os Estados Unidos em alerta diante da possibilidade de um novo vazamento nas mesmas águas do causado pela BP, o maior da história do país.

A plataforma acidentada hoje se encontra a oeste da Deepwater Horizon, administrada pela BP, onde uma explosão provocou, em abril, a morte de 11 operários e, após seu afundamento dois dias depois, o vazamento de petróleo de um poço.

A princípio, as autoridades haviam informado sobre uma mancha de petróleo na área do acidente. No entanto, um porta-voz da Guarda Litorânea dos EUA, Peter Troedsson, voltou atrás e disse que "não há sinais" de petróleo ao redor da plataforma.

As 13 pessoas que se encontravam nas instalações pularam na água após um incêndio aparentemente provocado por uma explosão.

Os afetados foram encontrados juntos com trajes especiais para se proteger de hipotermia e resgatados pelo navio Crystal Clear. Os trabalhadores foram levados a uma plataforma próxima e, depois, a um hospital em terra firme.

Um deles ficou ferido, segundo disse à "CNN" outro porta-voz da Guarda Litorânea, Bill Colclough.

A plataforma, chamada Vermilion Oil Rig 380, está a cerca de 160 quilômetros ao sul do litoral da Louisiana. Sua proprietária, a Mariner Energy, é uma empresa de gás e petróleo com sede em Houston (Texas).

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, informou em entrevista coletiva que o poço da plataforma da Mariner Energy "não está ativo", algo que foi confirmado à "CNN" por um porta-voz da empresa, Patrick Cassady.

Concretamente, Cassady disse que "não há operações de perfuração" nessa plataforma, da qual dependem sete poços petrolíferos e que está a cerca de 100 metros de profundidade.

A "pouca profundidade" também foi citada por Gibbs, já que a plataforma administrada pela BP estava a cerca de 1.500 metros, um dos principais obstáculos para as tarefas de bloquear o vazamento.

"Me informaram que a profundidade de água é de 100 metros. Esta não é uma instalação de águas profundas", disse o porta-voz governamental.

O Governo americano está preparado para responder contra uma possível poluição das águas, com os recursos "prontos" para atuar, disse Gibbs.

O governador da Louisiana, Bobby Jindal, que seguiu de perto durante os últimos meses as tarefas de limpeza do acidente da BP, compareceu em entrevista coletiva para informar sobre as operações de emergência.

Segundo manifestou, os trabalhadores "pararam a produção" de petróleo, uma ação que avaliou como "um passo muito importante" para evitar catástrofes maiores.

No momento, a plataforma não estava extraindo petróleo ou gás e as autoridades não puderam determinar as causas e circunstâncias do incidente.

A Guarda Litorânea recebeu as primeiras informações de uma explosão na plataforma por volta das 11h30 no horário de Brasília e deslocou para o local nove helicópteros de resgate procedentes de Nova Orleans e Houston, um pequeno avião do Alabama e quatro navios.

Segundo o site da empresa, a Mariner Energy está entre as maiores companhias independentes de gás e petróleo que operam no Golfo do México e, no final de 2009, participava de mais de 35 projetos em águas profundas, dos quais operava mais da metade.

Após a informação do incidente, a cotação de suas ações na Bolsa de Nova York caiu 5%, mas um pouco antes do fechamento retrocedeu 2,53%.

O incidente acontece no meio do debate sobre os riscos de extrair petróleo em águas profundas, os perigos que foram avaliados pelo Congresso e o Governo desde que aconteceu o vazamento da BP.

A Casa Branca emitiu, no final de maio, uma moratória contra as perfurações por causa do acidente, mas um juiz a declarou inválida em junho.

No entanto, o Departamento do Interior impôs, em julho, uma nova moratória, suspendendo as perfurações petrolíferas até 30 de novembro. EFE

Fonte: Época Negócios
Data: 02/09/2010